Há quatro maneiras de conhecer Deus, disse o Sheik Sharf-ud-dîn. Há o homem que diz que certo senhor se encontra em casa porque ouviu dizer. Há um outro que afirma a mesma coisa porque viu os cavalos à porta. Um terceiro diz que o senhor está em casa porque o viu à janela, ou mesmo dentro de casa. E, por fim, um quarto, um homem para quem não há qualquer distinção entre quem vê e quem é visto, numa coincidentia oppositorum, numa al fanaa.
Sharf-ud-dîn ainda fala dum outro estágio, provavelmente o mesmo a que se referia Kamil Uddin quando gritou, pelas ruas de Aleppo, «eu sou Deus, eu sou Deus». Com isto, conseguiu que o torturassem e o matassem, como aconteceu a Mansur Al-Hallaj por ter dito frase semelhante ("Ana al-haqq", disse Mansur Al Hallaj). No cadafalso, kamil Uddin acrescentou: «E não existo». A frase que pode ser lida como uma total dissolução do ego, uma al fanaa ainda mais dissolvida, pode também ser uma forma de ateísmo: «Eu sou Deus e, no entanto, não existo». Antecipando Nietzsche, um dos seus discípulos escreveu no túmulo do mestre: «Está morto».
~Uma alternativa à de Diderot e d'Alembert~
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